Na boca do forno
terça-feira, 13 de novembro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
Elogio do aprendizado
Bertolt Brecht
Aprenda o mais simples!
Para aqueles cuja hora chegou.
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC;não basta,mas aprenda!
Não desanime!
Comece!É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!
Aprenda,homem no asilo!
Aprenda,homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Frequente a escola,você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome,agarre o livro:é uma arma.
Você tem que assumir o comando.
Não se envergonhe de perguntar,camarada!
Não se deixe convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte:O que é isso?
Você tem que assumir o comando.
sábado, 29 de setembro de 2012
Por que Carlinhos de
Almeida?
Eu quero romper os grilhões
de uma política que consumiu nossos sonhos e utopias.São 16 anos vivendo sob a
Ditadura do medo..Eu fui vítima desses podres poderes..Hoje travo uma batalha constante com meu interior para
recuperar o equilíbrio, a energia física e a alegria de ensinar.Nesses últimos
anos fomos tratados como máquinas de produção.Passei esses 16 anos batendo de
frente com essa política educacional que
se esforçou em transformar o trabalho do professor numa coisa triste e sofrida.
Não dá pra exorcizar os
sofrimentos desses anos sombrios de nossa história,mas eu aprendi a dançar e
cantar no toque dos tambores dos quilombos e pude entoar o coro dos
descontentes.Aprendi com o teatro a não silenciar diante das arbitrariedades.Por
isso solto agora o meu grito de resistência em defesa da eleição de Carlinhos
de Almeida para prefeito desta cidade.Eu acredito que com ele teremos a oportunidade
de sentar e conversar.Precisamos de uma secretaria de educação que saiba
reconhecer e identificar nossos desejos, valores e potencialidades.
Rubem Alves diz
assim:”escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte
do vôo.’Nesses 16 anos eu me senti assim:como pássaro engaiolado sob
controle.Mas nesta cidade têm professores que lutam para rebentar os arames
dessa gaiola.que querem ver seus alunos alçando vôos desafiantes ,traçando com
suas asas seu próprio destino.
Ora,temos o direito de nos
permitir essa alegria, de invocar e anunciar o saber como algo necessário para
o desenvolvimento da razão humana e da visão crítica do ser social.
Uma coisa é necessária.Manter
firme a lanterna na mão até que passe a tempestade.Até que a gente se liberte
dessa política educacional, opressora, autoritária e desumana.Só assim podemos
exercer o direito de tocar nossos tambores e entoar o coro da liberdade.
Quero ficar mais forte e
desejo voar mais alto, pois sonho com um mundo superior.Um mundo que respeite
nossos desejos e os nossos direitos de criação, produção, expressão e
apropriação do conhecimento.
Eu quero realimentar meu
sonho e minha alegria de ensinar e
aprender junto com meus alunos.
Por uma cidade mais
humana.Por uma educação cidadã.Sou 13.Sou Carlinhos de Almeida.Sou PT
Meire Pedroso
Professora de História na rede municipal de São José dos campos
domingo, 23 de setembro de 2012
CAIC D.Pedro:Tantas vidas,muita história pra contar.
Em 1993 cheguei em São José dos
Campos depois ter fechado mais um ciclo da minha vida.Uma nova porta se abria
na minha relação com o mundo. Pouco conhecia dessa cidade,embora por diversas
vezes tenha pedido pouso a ela para chegar até o mar.Portanto, São José pra mim
sempre foi um lugar de passagem.Jamais imaginei que fincaria meu mastro nesse
chão onde a tecnologia e a cultura caipira sentam na mesma mesa.Sentia medo de
sua modernidade, mas eu precisava enfrentar meus medos.Precisava me reencontrar
com o mundo, aprendendo mais sobre ele e assim aprender mais sobre mim
mesma.Quem sou eu?Que caminho quero tomar como mulher,artista e educadora?Essas
perguntas permeavam minha cabeça naqueles tempos.
O meu trabalho como professora de história
na EMEF D.Pedro de Alcântara teve início no mesmo ano, quando assumi 12 aulas
ainda em regime de substituição.Lembro-me que a pessoa da secretaria que me
encaminhou pra escola alertou-me para os perigos do lugar.Pesquisei no jornal
da cidade notícias sobre a região.Precisava ter uma visão, nem que fosse
superficial, da realidade social daquela comunidade.O quadro traçado pela
imprensa não era animador.A região se apresentava pra mim como uma das mais
violentas.E a escola?Como ela dialogava com essa realidade?
Quando entreguei o encaminhamento
para a diretora, ela leu e depois olhou pra mim e disse: ”aqui tem que
trabalhar de acordo com a realidade”.Imaginei que ela queria dizer que eu
deveria trilhar os caminho da filosofia de Paulo Freire.Em Mato Grosso já tinha
mantido meus primeiros contatos com as idéias desse educador.Para Freire, só a
libertação dos opressores feitos pela movimentação e conscientização dos
oprimidos, poderia ser o elo propulsor para construir uma sociedade de iguais.
Pela primeira vez eu me deparava com
uma realidade, onde o conflito entre o oprimido e o opressor era gritante.O
bairro fica localizado numa região periférica da cidade.Seus moradores eram
vistos como ameaça à segurança social da outra parte da população.A violência
era marcante.Quase todo o dia se ouvia comentários de mais um jovem adolescente
assassinado.Um dia estávamos discutindo no HTC a violência na região , quando
derepente ouvimos tiros e gritos das crianças que estudavam no período da tarde.Era mais um aluno marcado para morrer na porta da escola.
Nessa nova empreitada ,Paulo freire e
Rubens Alves foram meus guias.
Rubem Alves pergunta: violentos, os
adolescentes da periferia?Ou serão as escolas que são violentas?Mas eu me
perguntava.Não teria a sociedade violentado o desejo de aprender dos nossos
alunos?
Diante da resistência dos alunos em
participar das atividades, fui buscar na linguagem teatral instrumentos que
pudessem me ajudar a despertar no interior de cada um a sensibilidade
artística, pois sabia que só assim eles seriam capazes de criar um imaginário e
fazer um reencontro com suas identidades culturais.Para isso, foi necessário
que eu direcionasse meu olhar para o mundo vivenciado por eles.Que eu soubesse
reconhecer e identificar seus valores, seus desejos e suas habilidades.Naquela
época a Fundação Cultural Cassiano Ricardo, através da Ação cultural
descentralizada, promovia nos fins de semana na escola , o movimento Hip Hop.Os
alunos elegeram o movimento como um canal direto para dialogar com o mundo,
manifestando suas insatisfações e seus desejos na poética do RAP¹.[1] o
grito da periferia contra os valores pré-estabelecidos da ideologia dominante.
“O aprendizado foi duro e mesmo diante desse
revés não parei de sonhar fui persistente porque o fraco não alcança a meta.
Através do rap corri atrás do preju e pude realizar meu sonho”.(A vida é um
desafio.Racionais Mc’s)
Percebi que esse era o
caminho.Pesquisei na literatura de cordel obras com temas históricos e
apresentava aos alunos no ritmo do rap.Primeiro eu cantava sozinha, depois a
sala inteira cantava comigo.Assim “entre tapas e beijos” descobrimos um caminho
que nos possibilitasse a construção do conhecimento.Os conflitos existiam e existem
até hoje, mas não resistem aos encantos da arte.
A minha experiência pedagógica na EMEF
D.Pedro de Alcântara se concretizou na convivência com os professores que
marcaram esses vinte anos de história da escola.Rica convivência.A partir dela
eu recuperei meu lugar no mundo.Suportei a dor da ausência dos meus
filhos.Procurei fazer por aqueles jovens o que talvez tenha deixado de fazer
pelos meus meninos.Mas fiz com dedicação e compromisso,pois acredito na
grandeza do ser humano.
Nessa escola,existe um grupo
de professores que luta pra rebentar os arames da gaiola.Que quer ver seus
alunos alçando vôos desafiantes, traçando com suas asas seu próprio destino.Mas
esta é uma luta constante contra as gaiolas da burocracia que impera na ação
pedagógica.Como declara Rubens Alves:”pobres professores, também engaiolados a
ensinar o que os programas mandam,...”
Nesses vinte anos,graças à
nossa parceria, criamos coragem para enfrentar aqueles que tentaram nos privar
da alegria, impondo as suas verdades tiranas.
Acredito na arte.Ela é
necessária na educação.Ela nos tira do estado de hibernação e abre as portas de
nossa consciência para uma reflexão crítica sobre a forma que escolhemos para
dialogar com nossos alunos e com o mundo.
Salve o CAIC!
Salve todos que ajudaram a
construir esses vinte anos de história!
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Acauã,meu lindo menino.Tu és um pássaro,que um dia do meu ventre voou.Um vôo contínuo na busca de um sonho.Hoje é difícil imaginar que um dia tu foste tão pequeno .Lembro-me com saudade de suas traquinagens de menino arteiro.Desde pequeno já tinha um chute forte e certeiro.Gostava de correr ao ar livre e dar saltos "mortais".Ai,como isso me assustava.!E agora,quando penso nesse tempo, a dor da saudade parece querer me pegar.
Querido Acauã,meu passarinho.Nossa ligação sempre foi tão forte,que fez com que as lembranças tristes se tornassem pequenas diante dos nossos sonhos e desejos.Tu sabes que tem um lugar nesse mundo.E vai aprender o que precisa saber pra construir com autonomia a sua história.Quero te ver livre, com força nas asas, pra traçar seu destino num vôo feliz.
Obrigado filho por me aquecer com seu amor.Por me proteger daqueles que se acham no direito de me julgar.E por não ter esquecido de me chamar de mãezinha.Você não imagina o tamanho da felicidade quando leio suas mensagens"durma com Deus ,mãezinha querida".Que vontade de estreitar-te nos meus braços e cobri-lo de muitos beijos.Obrigado por me entender.Você e o Raoni souberam o que dizer para me fazer sentir melhor e feliz.Obrigado,Acauã e Raoni,filhos amados e queridos.Vocês me deram força para buscar a guerreira que existe dentro de mim.Por vocês eu me mantive em pé e acreditei que poderia crescer e retomar o meu caminho.Obrigado filhos.Obrigado por tudo.
Filho,que hoje seja um dia de festa e alegria pra você junto da sua Mel,do seu pai ,do Raoni, da Luciana e do nosso Pedro.E que essa festa seja engradecida com a vitória do nosso Corinthians
FELIZ ANIVERSÁRIO!.
sábado, 28 de janeiro de 2012
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
As crianças do Pinheirinho
Penso no sofrimento do povo do Pinheirinho.Penso, em especial, na dor de cada criança.Não consiguo escapar do olhar de cada aluno e aluna que tem lá a sua moradia.São olhares de seres perseguidos, espoliados, rejeitados e discriminados.Mas são seres que não abandonam a luta a própria sorte.Povo heróico.Lutam por uma justiça na qual não estão inseridos.Mas se erguem por justiça com a força de bravos guerreiros.São gigantes pela própria natureza.Sabem mostrar com grandeza a rebeldia antecipada.A rebelião da infância invandida.
Povo do pinheirinho,levanto tua bandeira e defendo tua causa.Quero berrar minhas palavras em defesa de sua moradia.Se esse grito for impotente e se perder na acústica indiferente dessa cidade, o débito com essas crianças jamais será quitado.Será um débito social e universal.
Pensem vocês,que controlam os "podres poderes" desta cidade.Pra onde vai o futuro dessas crianças?Um futuro de medo do mundo.Medo de crescer e ser homem.Medo de sonhar e ser feliz.Seria isso a referência de uma educação cidadã?
Acabamos de comemorar o nacimento de Cristo.Será que esses cristãos poderosos tiveram um espírito natalino para o Pinheirinho?Ou se esconderam na mediocridade de sua religiosidade para tramar contra as famílias que lá se encontram.
Mas vou acreditar até o fim no brado retumbante do povo do Pinheirinho.Que ele possa se mostrar forte, impávido e colosso.Que o céu do Pinheirinho se torne risonho e límpido como o céu da Pátria amada idolatrada.
Salve o Pinheirinho!
Salve a sagrada morada!
Meire Pedroso.foi professroa de crianças e adolescentes que vivem no Pinheirinho.
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